quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brasil participará da tentativa de resgate de corpos e destroços do voo AF 447, diz Cenipa

O coronel Luis Claudio Lupoli, do Comando da Aeronáutica, anunciou nesta terça-feira (19) ter recebido uma ligação do BEA (Le Bureau d'Enquêtes et d'Analyses), órgão francês que investiga acidentes aeronáuticos, informando que serão retomadas neste feriado as buscas por corpos e destroços do airbus da Air France do voo 447, cujo acidente ocorrido na noite do dia 31 de maio de 2009 matou as 228 pessoas a bordo. Segundo o oficial, o Brasil participará da missão de resgate.
“Recebemos hoje (19) de manhã a informação do BEA, o Cenipa francês. Ele informou que embarcaremos na missão (...). Os corpos serão resgatados se for possível”, resumiu o brigadeiro do ar, Carlos Alberto da Conceição, chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).

Ainda hoje, Lupoli segue para o Rio de Janeiro, de lá, para a França, e depois para o Senegal, onde pegará a embarcação que segue para a missão.
A nova embarcação que fará a missão é francesa e eles ficaram a cerca de 10 km da última posição conhecida das investigações próxima ao local em que estão os destroços do acidente. 
Segundo o coronel Lupoli, o regaste será feito por meio de robôs e não por mergulhadores, uma vez que os destroços estão a cerca de quatro mil metros de profundidade. “A preparação toda foi muito corrida, não se tem ainda prioridades [corpos ou caixa preta do avião]. A prioridade quem define é o governo francês”, completou Lupoli.

O coronel não soube informar se os parentes das vítimas já foram informados e o porquê da mudança da informação de que os corpos não poderiam ser retirados do fundo do mar. As últimas notícias das fotos retiradas dos destroços apontam que, agora, eles estão concentrados. 
Questionado sobre as críticas dos parentes das vítimas brasileiras, o coronel nega que o Brasil atue apenas como observador e não como participante das investigações.
“O Cenipa é participante e não observador, como está prevista na Convenção de Chicago; o BEA coordena a investigação, mas o Cenipa participa de tudo. No momento que for achada a caixa preta, ele [coronel Lupoli] estará direto com a transcrição, participando de todo o processo”.
O Cenipa segue os padrões e práticas recomendadas da aviação civil internacional, firmada na convenção de Chicago de 1944, com 190 países signatários.

Familiares pedem isenção da França

 

Procurado pela reportagem para comentar os anúncios do Cenipa, o presidente da associação dos familiares das vítimas, Nelson Faria Marinho, voltou a criticar a posição da França na investigação. “A caixa preta não pode ir pra França. A dona da Airbus é a França, a dona da Air France é a França, como é que ela vai ler a caixa preta, que incrimina ela mesma? Ela deveria mandar para um país neutro para que eles gozem de isenção nas investigações, como os Estados Unidos, por exemplo.”

A associação defende que o governo brasileiro seja mais participativo na investigação e espera a resposta da presidente da República, Dilma Rousseff, sobre o pedido de audiência para debater o assunto na semana que vem.

"Até então, o Cenipa não tinha se pronunciado sobre o caso. Como eles [o Cenipa] falam em participação, se só recebiam relatórios do BEA? Eles tinham que ter os seus próprios relatórios”, cobrou Marinho, pai do mecânico Nelson Marinho, 40, que morreu no acidente.

O presidente da associação brasileira conta ainda que o governo francês negou o pedido de quatro grupos de familiares para acompanhar como observadores a nova fase de ações no local do acidente. “Não é só caixa-preta, são os corpos, os pertences, as indenizações das famílias. Nós não tivemos anda disso ainda”, completou.

Relembre o caso 

 

Em 31 de maio de 2009, um avião Airbus da companhia Air France, que fazia o voo AF 447, do Rio de Janeiro para Paris, caiu no Oceano Atlântico com 216 passageiros de 32 países e 12 tripulantes. A queda ocorreu pouco depois da decolagem na capital fluminense. Os destroços foram localizados cerca de 1.100 km da costa brasileira, a partir do porto de Recife (PE).
O país responsável pela investigação é a França, mas o Brasil, por meio do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), participa do processo.
Além do Brasil e da França, os Estados Unidos, Alemanha e Grã Bretanha participam deste trabalho, sob a observação de outros 12 países, que tiveram vítimas dos acidentes.
As primeiras buscas começaram em 1º junho de 2009. Seis dias depois, foram encontrados os primeiros destroços e até o dia 26 do mesmo mês, foram resgatados 50 corpos.

Camila Campanerut / UOL

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