terça-feira, 3 de maio de 2011

Resgatada segunda caixa preta do voo Rio-Paris

A segunda caixa-preta do Airbus da Air France que caiu no mar em 2009, quando fazia o voo Rio-Paris, foi resgatada nesta segunda-feira e se encontra em bom estado, informou o BEA (Birô de Investigações e Análises), do governo francês, responsável pela investigação sobre o acidente que deixou 228 vítimas.
"O registrador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder) foi localizado e identificado pela equipe de pesquisa às 18h50 [horário de Brasília] de segunda-feira (2). Ele foi trazido a bordo do navio Ile de Sein pelo robô Remora 6000 às 23h40", informou o BEA, em nota.
De acordo com Jean-Paul Troadec, diretor do BEA, a caixa-preta com as conversas na cabine do avião "está inteira". "O chassi, o módulo e o cilindro estão lá. Globalmente, o aspecto externo está correto, em bom estado", afirmou.
O BEA havia anunciado no domingo (1º) o resgate do modulo de memória da primeira caixa-preta --FDR (Flight Data Recorder)--, que armazena todos os registros do voo. Segundo Troadec, o segundo aparelho foi encontrado a cerca de dez metros do primeiro.
As duas caixas-pretas estão agora em um container com água para impedir sua deterioração e ficarão submersas até chegar à sede do BEA em Bourget, na região de Paris, onde serão analisadas.
"Se pudermos ler seus registros, será possível compreender o que ocorreu", disse Troadec, ressaltando que a análise dos dados depende da corrosão que os aparelhos sofreram no fundo do oceano.
"Vindo poucas horas depois de a primeira caixa-preta ter sido encontrada, este anúncio é outro passo decisivo na investigação e nós temos que agradecer ao BEA e às autoridades por perseverarem nessa árdua busca", afirmou, em nota, o presidente da Air France, Pierre-Henri Gourgeon.
"Isso justifica os meios sem precedentes que foram utilizados pelas autoridades, pela Airbus e pela Air France desde que essa tragédia aconteceu. Em nome da Air France, confirmo minha sincera esperança que as informações contidas nesses gravadores de voo possam ser usadas e fornecer respostas às questões que têm sido levantadas há quase dois anos pelos familiares das vítimas, pela Air France e pela indústria da aviação mundial sobre os fatos que conduziram a este trágico acidente", concluiu.
Até o momento, os motivos da tragédia não foram explicados. Os investigadores franceses determinaram que houve falha nas sondas de velocidade da aeronave, chamadas pitot, mas consideraram que essa avaria não bastaria para explicar o acidente.

MERGULHO 
O primeiro mergulho do robô em busca dos destroços do voo, localizados no começo de abril, foi realizado na manhã do dia 26 e durou mais de 12 horas. O navio francês Ile de Sein está na área do acidente, a mais de mil km da costa brasileira.
De acordo com o BEA, 68 pessoas estão a bordo do navio, incluindo a tripulação. Entre eles estão nove operadores do robô submarino, técnicos da empresa americana Phoenix International, proprietária dos equipamentos, e membros do BEA.
O coronel Luís Cláudio Lupoli, da Força Aérea Brasileira, também está a bordo do navio. Ele é o representante brasileiro na comissão de investigação do acidente.

CORPOS
Em seus últimos comunicados, o BEA não citou se os corpos das vitimas da tragédia serão resgatados.
Em abril, a Aeronáutica afirmou que o governo francês iria buscar os corpos das vítimas, mas que ainda não havia informações sobre a possibilidade do resgate.
A Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, porém, disse que durante reunião com o BEA ficou decidido que os corpos não seriam resgatados, o que provocou protestos por parte dos parentes.

France Presse / Folha de São Paulo

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